Mais do mesmo.
Após onze anos desde
o início do Universo Estendido da DC (DCEU), que teve início com “O Homem
de Aço” (2013), chega aos cinemas a aguardada sequência e encerramento de
uma era com o filme Aquaman. Este longa-metragem enfrentou diversos adiamentos
e passou por momentos turbulentos, especialmente devido aos problemas legais
envolvendo Amber Heard, a intérprete da personagem Mera, que enfrentou questões
judiciais com Johnny Depp, resultando até mesmo em processos nos tribunais.
Além disso, o filme passou por várias regravações e mudanças de cronograma. Um desafio adicional surgiu com a significativa transformação dentro da Warner Bros, onde James Gunn assumiu o cargo de Diretor Executivo da DC Films. Após assumir a posição, Gunn anunciou um reboot completo dos filmes, adicionando mais uma camada de incerteza ao futuro do DCEU.
O filme chega em um momento desafiador para o gênero de super-heróis, já que, aparentemente, estamos atravessando uma fase complicada para as produções desse tipo, onde a quantidade parece ter sido priorizada em vez da qualidade. No entanto, muitos deles apresentam roteiros mal elaborados, efeitos visuais duvidosos e são bastante genéricos.
Basta dar uma breve olhada no passado recente para encontrar exemplos como “Shazam: Fúria dos Deuses” (2013), “Adão Negro” (2022), “Esquadrão Suicida” (2016) e “Flash” (2023). Essa tendência impactou significativamente a sequência em questão, uma vez que surge sem um horizonte claro de continuidade; as possibilidades de futuras sequências foram extintas. Diante desse desafio, faço esta crítica em tom de despedida para o universo que amei e odiei ao mesmo tempo.
Neste filme, Arthur Curry (Jason Momoa), o Aquaman, se vê em conflito com suas responsabilidades, tanto em relação à Atlântida quanto aos habitantes da superfície. A trama se torna mais intensa quando Arraia Negra, fazendo uso do poder do mítico Tridente Negro, libera uma força antiga e maligna. Para proteger Atlântida e o resto do mundo, Aquaman precisa forjar uma aliança desconfortável com um aliado improvável.
Bem, vou começar destacando que este filme permanece visualmente deslumbrante, mesmo diante de diversos cortes perceptíveis. James Wan, o diretor do filme, conseguiu manter a beleza da obra, apesar dessas alterações evidentes. Mesmo com Atlântida sendo totalmente criada em CGI, a qualidade surpreendente desta representação é notável. Os figurinos, as cores e todo o ambiente que envolve Atlântida continuam sendo elementos incríveis. A imersão proporcionada é excepcional, facilitando a conexão do espectador com o filme de maneira incontestável.
No entanto, devido às mudanças da Warner, o filme passou por extensas edições, resultando em um roteiro fraco e genérico. Contudo, nem tudo é desfavorável nesta obra. Jason Momoa, no papel de Aquaman, se destaca e quase carrega o filme nas costas, apresentando uma atuação impecável. Sua atuação mostra que ele nasceu para interpretar esse personagem, e é evidente o entusiasmo que ele imprime no filme.
Amber Heard, que interpreta Mera, surpreendentemente tem bastante tempo em cena, embora eu suspeite que sua participação tenha sido notavelmente reduzida devido às polêmicas envolvendo a atriz. No entanto, fiquei satisfeito ao ver como o ator Yahya Abdul-Mateen II retornou de maneira ainda mais amedrontadora do que em sua primeira aparição no filme anterior, onde interpreta Arraia Negra. Sua atuação é impecável, contribuindo para tornar o vilão ainda mais aterrorizante no enredo.
Infelizmente, “Aquaman 2: O Reino Perdido” optou por seguir uma abordagem mais convencional, evitando inovações ousadas. Sem dúvida, o filme enfrenta desafios por se desenrolar em um momento de despedida, mas isso não o torna ruim. Pelo contrário, a narrativa é leve e bastante divertida, apresentando momentos genuínos que transmitem uma mensagem valiosa sobre o perdão. Se você gostou do primeiro filme, pode ficar tranquilo, pois encontrará no segundo uma continuação que preserva o estilo e a diversão do original.
Nota: 7.5
Com um roteiro um tanto fraco e sem muitos riscos, Aquaman 2 é divertido, mas não vai, além disso. Sua despedida é rasa e não deixará saudades! Se você gostou do primeiro, sem dúvida, gostará deste!
Sinopse
Um antigo poder é liberto e o herói Aquaman precisa fazer um perigoso acordo com um aliado improvável para proteger Atlântida e o mundo de uma devastação irreversível.
Trailer
Adeus DCEU
É verdadeiramente lamentável observar as inúmeras adversidades que esse universo enfrentou ao longo do tempo. Entre filmes incríveis e outros duvidosos, fica difícil determinar se o saldo foi positivo. Agora, resta-nos depositar nossa confiança em James Gunn, acreditando que ele conseguirá criar algo extraordinário com esses heróis, algo que ele já demonstrou ser capaz ao transformar os Guardiões da Galáxia e o Esquadrão Suicida, fazendo heróis desconhecidos serem aclamados pelo público.
Não adianta apontar culpados nesta saga de altos e baixos, pois todos cometeram equívocos. Seja Zack Snyder com sua visão demasiadamente fiel às HQs, resultando em um Superman mais sombrio, ou conceder poder a Dwayne Johnson “The Rock”, permitindo-lhe ditar as regras devido à sua popularidade. Paralelamente, tentaram seguir a fórmula de sucesso da Marvel, buscando conectar os filmes com cenas pós-créditos. Acredito que tenha sido um aprendizado valioso para a Warner e os produtores, e que James Gunn enfrentará o desafio de reconquistar a confiança dos fãs.
No entanto, gostaria de expressar meu agradecimento por este universo que, na maioria das vezes, trouxe-me grande felicidade. Seja quando o Superman realizou seu primeiro voo ou quando a Mulher-Maravilha desafiou soldados superando barreiras. Não podemos esquecer do Batman sombrio e melancólico. Deixo aqui meu agradecimento, mesmo com altos e baixos, por esses momentos memoráveis.