Uma tentativa ambiciosa que se perde no excesso de música.
É inegável que
Coringa (2019) foi uma surpresa muito positiva. O filme não apenas me
surpreendeu, como também recebeu aclamação tanto do público quanto da crítica.
Com um tema tão complexo, ele conseguiu arrecadar mais de 1 bilhão de dólares
nas bilheteiras mundiais, algo que refletiu sua excelente recepção geral.
Diante de todo esse sucesso, a Warner decidiu lançar a sequência Coringa:
Delírio a Dois. Tive a oportunidade de conferir o filme nos cinemas e trago
minha análise, sem spoilers.
Em Coringa: Delírio a Dois, acompanhamos Arthur Fleck enquanto ele aguarda julgamento no Asilo Arkham pelos crimes cometidos no primeiro filme. Durante esse período, ele se apaixona por Lee, uma paciente interpretada por Lady Gaga. A trama explora a complexa relação entre os dois e a luta interna de Arthur com sua própria identidade como Coringa, culminando em eventos que desafiam a linha entre realidade e delírio.
Um dos maiores problemas deste filme, na minha opinião, é sua falta de uma identidade clara. Ele é, essencialmente, 50% musical, o que até funciona bem no início. Confesso que as primeiras cenas musicais são interessantes e bem executadas, mas, com o tempo, a dinâmica se torna previsível e um tanto cansativa. Em muitos momentos, você já começa a se sentir tenso, antecipando que a qualquer instante os personagens vão começar a cantar, o que acaba quebrando completamente o clímax de algumas cenas importantes.
Eu fui assistir de mente aberta, já ciente de que se tratava de um musical. No entanto, há tantas sequências musicais que, em alguns momentos, o filme acaba se tornando arrastado e até cansativo. As músicas, ao invés de enriquecerem a narrativa, frequentemente parecem atrasar o desenvolvimento da história, tornando a experiência um pouco frustrante.
Mas nem tudo é negativo. Lady Gaga e Joaquin Phoenix entregam atuações excelentes, no mesmo nível de intensidade e profundidade do primeiro filme. A química entre os dois em cena funciona muito bem, embora o papel de Lady Gaga acabe sendo menos influente do que parecia inicialmente, especialmente em relação ao que foi sugerido nos trailers. Infelizmente, se o roteiro tivesse colaborado mais, certamente estaríamos diante de um filme muito mais memorável. Ainda assim, as atuações são, sem dúvida, um dos pontos altos da produção.
É perceptível que os
produtores queriam algo diferente e inovador, distanciando-se do primeiro filme
ao optar por menos cenários abertos e ambientações em espaços mais fechados. No
entanto, o resultado é um filme que, apesar da tentativa de ousadia, acaba
sendo chato e cansativo. A narrativa não avança significativamente e não se
arrisca como deveria. Além dos excessos mencionados, o final me pareceu
completamente desnecessário, reforçando a sensação de que este filme talvez nem
devesse ter sido realizado.
Nota: 6.0
"Coringa: Delírio a Dois é uma bagunça caótica que não sabe ao certo o que pretende ser. Infelizmente, o filme se apresenta como um musical mal executado e sem vigor, apesar de contar com Lady Gaga, uma estrela talentosa com uma grande voz. No entanto, o filme carece de coesão, sendo uma mistura de ideias desconexas que não levam a lugar algum.
Sinopse
O comediante fracassado Arthur Fleck conhece o amor de sua
vida, Harley Quinn, enquanto está encarcerado no Arkham State Hospital. Os dois
embarcam em uma desventura romântica condenada.
Trailer