[Crítica] A Substância (2024)

 Até onde você iria para alcançar a perfeição?


Filmes são experiências únicas, capazes de transmitir mensagens importantes, seja por meio de críticas sociais, aprendizados ou reflexões. Embora nem todos os filmes carreguem esse peso, muitos conseguem impactar profundamente o público. Quando vi as redes sociais fervilhando com comentários sobre o impacto de A Substância (2024), decidi reservar um tempo para assistir ao filme e compartilhar minhas impressões com vocês.

 

Com um elenco de peso, que inclui a veterana Demi Moore e a promissora Margaret Qualley, este filme despertou minha curiosidade. Aqui, apresento minha análise, sempre sem spoilers, para quem também está considerando assisti-lo.

 

No enredo, acompanhamos Elisabeth Sparkle, uma ex-estrela em decadência que, após ser demitida de seu trabalho, se depara com uma substância revolucionária. Prometendo criar uma versão “melhor” de si mesma, essa substância transforma a vida de Elisabeth de maneiras inesperadas.


O filme levanta questões profundas sobre solidão, vaidade e a aceitação da própria beleza. Impactante e reflexivo, destaca-se especialmente pelo desempenho magistral de Demi Moore. A atriz, que foi um símbolo de beleza nas décadas de 1990 e 2000, entrega uma das performances mais impressionantes de sua carreira. Em muitos momentos, sua atuação parece uma espécie de carta aberta à sociedade, criticando os novos padrões de beleza impostos pelas redes sociais.

 

Seja pela dificuldade de aceitar o envelhecimento ou pela crescente obsessão com procedimentos estéticos cada vez mais agressivos, o filme aborda temas que dialogam diretamente com a realidade atual. Ele expõe a busca incessante por juventude, muitas vezes a qualquer custo. Em diversos momentos, vemos Elisabeth, personagem de Demi Moore, confrontando fotografias de sua juventude. A cada olhar desviado, fica evidente o incômodo com o passado, como se essas imagens fossem um espelho das inseguranças que ela tenta evitar.


Uma das cenas mais marcantes, que inclusive aparece no trailer, é quando Elisabeth recebe um convite singelo para sair, mas não consegue reunir confiança suficiente para aceitá-lo. Esse momento, além de ser um espetáculo de atuação de Demi Moore, encapsula o impacto emocional e psicológico que a pressão estética pode causar.

 

Margaret Qualley, por sua vez, interpreta Sue, a versão rejuvenescida de Elisabeth, e traz uma energia completamente oposta à da personagem de Demi Moore. Sue exala vitalidade e busca cada vez mais sua independência, contrastando com a insegurança e os conflitos internos de sua contraparte mais velha. Seu corpo, quase perfeito ao ponto de ser desconcertante, nos provoca a refletir sobre o conceito de corpo ou visual ideal que a sociedade impõe a cada indivíduo.


O filme também impressiona pela fotografia deslumbrante, que não apenas complementa a narrativa, mas intensifica a experiência do espectador. Várias cenas chocam pelo uso ousado de closes extremos nos personagens, ressaltando suas expressões e emoções mais íntimas. Essa escolha estética contribui para amplificar o impacto emocional do filme, tornando-o visualmente memorável.

 

Embora o filme impressione em diversos aspectos, o final me deixou com a sensação de que poderia ter seguido um caminho totalmente diferente e mais poético. Não sei o que levou a roteirista e diretora Coralie Fargeat a optar pela conclusão apresentada, mas, na minha opinião, ela não fez jus à profundidade do restante da obra.


Além disso, vale destacar que A Substância não é um filme para todos os públicos. O uso de elementos de gore pode ser desconfortável para muitas pessoas, exigindo certa preparação emocional. Ainda assim, é um filme que com certeza fomentará muitos debates e reflexões. Foi revigorante assistir a uma obra que foge das fórmulas repetitivas do cinema atual e se arrisca em uma abordagem única e provocativa.

 

Nota: 8.0

A Substância é o melhor filme de horror corporal dos últimos tempos! Com uma atuação impressionante de Demi Moore, o filme brilha ao explorar os conceitos de beleza e aceitação. Embora tenha um final que decepcione por ser simplista e desastroso, a obra não perde sua força em transmitir uma mensagem poderosa.

 

Sinopse

Uma celebridade em decadência decide usar uma droga do mercado negro, uma substância que replica células e cria temporariamente uma versão mais jovem e melhor de si mesma.

                                 Trailer

Diones Santana

Fundador do Acervo Nerd e apaixonado por videogames. Apresentador do canal "Diow Games" no YouTube e amante de um bom rock! facebook twitter instagram

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